Em Ruínas

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Hotel Rwanda


when a country descended into madness and the world closed its eyes, he opened his arms and created a place where hope could survive.

Hotel Rwanda é um grande filme. não pensei, à partida, que fosse fácil gostar. adorei. está nomeado para os Oscar's, em 3 categorias:
- melhor actor principal, Don Cheadle
- melhor actriz secundária, Sophie Okonedo
- melhor argumento original

por tudo o que envolve e representa, será injusto se não ganhar nenhuma estatueta. mas não me surpreenderia, não há prémios mais politicamente correctos do que estes.

***
é História. quer se goste ou não, são momentos como este que definem a humanidade. além disso, é um episódio trágico de um massacre que aconteceu no meu tempo (a História afinal constrói-se todos os dias, os nossos dias) e que - é com alguma vergonha que o digo - eu não conhecia. vejam o filme e percebam porquê.

pelas interpretações - Don Cheadle, Sophie Okonedo, Nick Nolte. pela reconstituição histórica. pela banda sonora. pelos cenários. pelo argumento. pela realização. pela verdade fria descrita a cada minuto.

porque me incomodou. no sentido em que me deu um murro no estômago e abriu os olhos para uma crueldade tão distante. porque denuncia a realidade que é o mundo de poder e influência em que vivemos. porque mostra um cenário de massacre e violência sem pudor.

e as cenas que comovem e revoltam:
- o jantar romântico no telhado, com um tiroteio como pano de fundo;
- um recém-nascido nos braços da mãe a mamar, no chão do corredor;
- as crianças que brincam, que dançam, sem perceberem que para lá dessa certeza que é o agora, tudo o resto é destruído;
- o regresso do armazém para o hotel, pela estrada do rio;
- os subornos e os favores;
- o desespero com que Paul procura a família no telhado - terão saltado?
- a tristeza e a impotência dos brancos que abandonam Ruanda e deixam os refugiados para trás;
- os órfãos à chegada, os órfãos no quarto, a procura das meninas... as crianças. sempre;
- e todas as outras que ainda consigo visualizar. são tão fortes que precisam de ser vividas. num cinema perto de ti.

sobre a masturbação e não só

vi há dias o filme Kinsey. logo no discurso inicial que o pai do protagonista faz na missa de domingo há um pouco deste excerto. não, talvez haja muito.
felizmente, gosto de pensar que evoluímos um bocadinho nestas últimas décadas :)

"O sussurro cessou e ele compreendeu claramente que a sua própria alma tinha pecado por pensamentos e por palavras e obras, voluntariamente, através do seu corpo. (...)
Como poderia ter feito tais coisas sem vergonha? Era um louco! Confessa-te! Oh, ficaria novamente livre e limpo de pecados! (...)
- Eu... cometi pecados de impureza, padre!
- Consigo mesmo, meu filho?
- E... com outrem.
- Com mulheres, meu filho?
- Sim, padre.(...)
- É ainda muito jovem, meu filho - disse ele -, e devo implorar-lhe que abandone esse pecado. É um pecado terrível. Destrói o corpo e a alma. É a causa de muitos crimes e muitos infortúnios. Abandone-o, meu filho, pelo amor de Deus. É vergonhoso e degradante. Nunca se sabe aonde esse desgraçado hábito pode levar nem quando ele se voltará contra si. Enquanto cometer esse pecado, não valerá nada para Deus. Rogue a nossa mãe, a Virgem Maria, para que o ajude. Ela ajudá-lo-á, meu filho. (...) E vai prometer a Deus, agora mesmo, que, com a Sua santa graça, nunca mais voltará a ofendê-lO através desse grave pecado".

James Joyce in Retrato do Artista Quando Jovem

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

"Something unusual, something strange
Comes from nothing at all
But I'm not a miracle
And you're not a saint
Just another soldier
On the road to nowhere..."

Amie by Damien Rice

Dani, não te preocupes. *
Raquel, obrigada pela conversa (não sei se choras com esta, mas que é linda, isso é). *

terça-feira, fevereiro 22, 2005

no fim, fica um espaço vazio tão grande. ou melhor, um espaço cheio da tua ausência...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

se calhar uma família é isso: um grupo de pessoas que tem saudades do mesmo sítio imaginário.

in Garden State

para o Daniel, que usa a arte para expressar o que não vemos. e que agora não consegue ver o sol.

domingo, fevereiro 13, 2005

Garden State

não é fácil escrever sobre Garden State. porque não é fácil descrever emoções.
o segredo é a simplicidade. as sensações. a ternura. o regresso a um passado que mudou e que é preciso reviver. intensamente.
depois a paixão. descoberta no mais pequeno gesto. no olhar que foge. na generosidade. na forma diferente de encarar o mundo. na partilha. no segredo. no que é só nosso.
e há a banda sonora. que nos acompanha e comove.
um dia sei que este será um dos filmes da minha vida.


quinta-feira, fevereiro 10, 2005

todos os dias deveriam ser perfeitos

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

no início...

existem pedaços de nós que se erguem e se encontram nas fronteiras de sonho.
existem também momentos em que edificamos uma existência tão simples como a vida que se desenrola ao nosso lado.
e existe uma pretensão absurda. uma ambição sem sentido que procura a imortalidade. através de palavras...